quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O que é Religião - III

Dentro de tudo aquilo que já foi exposto em outros post sobre a mesma temática e com o mesmo título, iremos agora expor de forma prática e simplória, mas que servirá de base aos próximos estudos sobre o que podemos definir por Religião.
Além de um sistema ideológico possuir regras rígidas e causar transformações sociais para ser definido como religião (vide http://alboberro.blogspot.com.br/2010/11/o-que-e-religiao-i.html), podemos ainda englobar os vários sistemas religiosos dentro de alguns tipos, como os citados abaixo:

Politeístas - Religiões que tem por base a crença em várias divindades, vários deuses criadores, mantenedores e destruidores. Exemplo: Hinduísmo.

Dualistas ou Duoteístas - Religiões que tem por base a crença em dois deuses (divindades) ou duas forças que regem o universo inteiro. Entendemos que estas divindades não possuem um equilíbrio como em crenças orientais, não são complementares, mas sim combatentes. Exemplo: Zoroastrismo.

Monoteístas - Religiões que tem por base a crença em um Único Deus. Únicas religiões monoteístas atualmente são: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Panteístas - Religiões que acreditam que tudo e todos fazem parte de um único deus, uma única divindade, como se cada ser no universo fosse uma célula do "corpo" desta divindade. O Jainismo e o Taoísmo seriam tipos de crenças panteístas.

Animistas - Religiões que tem por base a crença em almas (anima) ou espíritos da natureza que controlam e regem o universo. Segundo esta ideologia, qualquer ser humano ao morrer pode ser incorporado ao panteão destas divindades, destes grandes espíritos protetores. Exemplo: Candomblé e Xintoísmo.

Ateístas - Religiões que acreditam na inexistência de qualquer divindade ou ser superior. Exemplo: Budismo.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Religião protoindo-europeia


A existência de similaridades entre as deidades e práticas religiosas dos povos indo-europeus permite o vislumbre de uma religião e de uma mitologia comuns proto-indo-européia. A religião hipotética teria sido a ancestral da maioria das religiões pré-cristãs da Europa, das religiões dármicas da Índia, e do zoroastrismo no Irã.
Indicadores da existência desta religião ancestral podem ser detectados pela associação entre línguas e costumes religiosos dos povos indo-europeus. Para pressupor que esta religião ancestral existiu, de qualquer forma, alguns detalhes permanecem baseados em conjecturas. Enquanto costumes religiosos similares entre os povos indo-europeus podem fornecer evidências para uma herança religiosa comum, um hábito compartilhado não necessariamente indica uma fonte comum para tal hábito; algumas destas práticas podem bem ter se desenvolvido num processo de evolução paralela. As evidências arqueológicas, onde alguma possa ser encontrada, são difíceis de se adaptar a uma cultura específica. A melhor evidência é então a existência de palavras cognatas e nomes nas línguas indo-européias.

Sacerdotes

Os principais funcionários da hipotética religião proto-indo-européia teriam sido mantidos por uma classe de sacerdotes ou xamãs. Há evidências de monarquias sagradas, sugerindo que o rei tribal ao mesmo tempo assumia a função de sumo sacerdote. Esta função teria sobrevivido até o século XI na Escandinávia, quando os reis poderiam ainda ser destronados por se recusarem a servir como sacerdotes. Muitas sociedades indo-européias conheciam uma divisão tríplice de classes: o clero, a classe guerreira e os camponeses ou lavradores. Tal divisão foi sugerida para a sociedade proto-indo-européia por Georges Dumézil.
A adivinhação era executada pelos sacerdotes, por exemplo, a partir de partes de animais sacrificados. Os pássaros também tinham uma função na adivinhação.
Exemplos dos descendentes desta classe nas sociedades históricas indo-européias seriam os druidas celtas, os brâmanes indianos, os flâmines latinos e os magos persas. As religiões indo-européias históricas também tinham sacerdotisas, como os hieródulos (templo de prostitutas), dedicado às virgens, ou oráculos, por exemplo, as virgens vestais romanas, as sibilas e as volvas germânicas.

Panteão

Os lingüistas são capazes de reconstruir os nomes de algumas deidades em PIE a partir de nomes que ocorrem em ampla difusão e em mitologias antigas. Algumas dessas deidades propostas são mais aceitas por alguns que por outros acadêmicos.
Os proto-indo-europeus devem ter feito distinção entre gêneros diferentes de deuses, tal como o Aesir e o Vanir da mitologia nórdica e os titãs e os deuses olímpicos da mitologia grega. Possivelmente, havia o *Deiw-o-, literalmente "celestial, aqueles do céu/luz do dia" (Deva, Daimon, variante apofônica de *Dyēus), e o *Ansu-, literalmente "espíritos, aqueles com a força vital" (Aesir, Asuras, Ahura).

Deidades amplamente aceitas

Dyēus Ph²ter - acredita-se que tenha sido o nome original do deus do céu iluminado e o deus principal do panteão indo-europeu. Ele sobreviveu no grego Zeus (caso genitivo Diòs), no latim Júpiter, no sânscrito Dyauṣ Pitar, no báltico Dievas, no germânico Tiwaz (norueguês antigo Tyr, alto alemão antigo Ziu), no armênio Astwatz e no gaulês Dispater (também Deus pater na Vulgata).

*Plth²wih² Mh²ter (Dg'hōm) - acredita-se que tenha sido nome de uma deusa Mãe Terra. Outro nome da Mãe Terra indo-européia seria *Dhghom Mater, como no albanês Dhe Motë, no avéstico Zamyat, no eslavo Mati Zemlja, no lituano Žemyna, no letão Zemes Mate e no grego Demeter.

Um deus do trovão, possivelmente associado ao carvalho, e em algumas tradições sincretizado com Dyeus. O nome *Perkwunos do radical *Per-kw- ou *per-g- é sugerido pelo balto-eslavo*Perkwunos, norueguês Fjörgyn, albanês Perëndi e védico Parjanya. Uma raiz onomatopéica *tar continua no gaulês Taranis e no hitita Tarhun. Uma palavra para "trovão" era *(s)tene-, continuada no germânico *Þunraz (trovão personificado),que evoluiu para Thor.

h²aus-os- - acredita-se que tenha sido a deusa da aurora, continuada na mitologia grega como Eos, em Roma como Aurora, em védico como Ushas, na mitologia lituana como Aušra oruAuštaras, em armênio como Astghik e possivelmente também na mitologia germânica como Eostre.

Propostas especulativas

Deuses adicionais podem incluir:
O grego Posídon era originalmente um deus ctônico, um deus da terra ou do submundo, a partir de poti daon, "senhor de Da", comparável com Deméter a partir de Da mater, "mãe Da". Outra etimologia pode ser proposta, com *don se referindo a "as águas", como a deusa védica dos rios, Danu, que compartilha o nome com a deusa mãe celta. Posídon sendo "o mestre das águas", mais de acordo com as funções de um deus do mar (e possivelmente também o suposto oceano celestial ou abismo aquático).
Welnos, talvez um deus do céu noturno, ou do submundo, continuado no sânscrito Varuna, no grego Urano (que também é uma palavra para céu), no eslavo Veles, no armênio Aray e no lituano Velnias.
Gêmeos divinos, irmãos da virgem do Sol ou deusa da aurora, filhos do deus céu.
Deve ter existido um deus do mar, conhecido em persa e em védico como Apam Napat, em celta como Nechtan, em etrusco como Nethuns, em germânico como Njord, e em latim como Neptunus, possivelmente chamado *Néptonos.
As deidades Sol, *Sawel, e Lua *Menot/Men-, possivelmente filhos gêmeos do deus céu supremo *Dyeus, continuaram na religião hindu como Surya e Mas, na religião iraniana como Hvar e Mah, na grega como Hélio e Selene (estes foram depois abandonados, dando lugar às deidades anatólias importadas Apolo e Ártemis), na mitologia latina como Sol e Luna, na mitologia germânica como Sol e Mani, na mitologia báltica como *Saulē e *Mēnō. O esquema usual destas deidades celestiais é o de que um é masculino e a outra feminina, apesar de os gêneros exatos do Sol ou da Lua tenderem a variar nas mitologias subseqüentes indo-européias.

A redução de Fantalov

De acordo com o acadêmico russo Alex Fantalov, há apenas cinco arquétipos principais para todos os deuses e deusas de todas as mitologias indo-européias. Ele também propõe que estes cinco arquétipos eram possivelmente as deidades originais do panteão pré-PIE. Estes, de acordo com Fantalov, são:
Deus do céu
Deus do trovão
Deus da Terra/submundo
Herói cultura Deusa mãe
Os deuses do céu e do trovão eram divindades celestiais, representando a classe dominante da sociedade, e nas culturas subseqüentes eles foram com freqüência unidos em um único e supremo deus. Por outro lado, a deusa Terra e o herói cultural eram deuses terrestres, ligados à natureza, à agricultura e às artes, e nas culturas subseqüentes foram divididos em mais deidades quanto mais complexas as sociedades se tornavam. E enquanto parece ter existido alguma inimizade entre o deus do trovão e o deus da Terra (que pode ser ecoado em mitos sobre batalhas de vários deuses do trovão e um inimigo astuto), o herói cultural parece ser um tipo de semideus filho do dus céu ou do deus do trovão, e que foi considerado o ancestral da raça humana, o "psicopompo" ("guia de almas"). Junto com a natureza da deusa mãe, que era a esposa do deus céu dominante, o herói cultural dessa forma equilibrava-se entre a divindade celestial do deus do céu/trovão e o mais ctônico deus da terra/submundo.
Outros acadêmicos contestam o uso da redução de Fantalov a apenas cinco deidades, ou a estas deidades em particular, como formas originais.

 

Mitologia

Parece ter havido uma crença em uma árvore mundo, que na mitologia germânica era um fraxinus (em norueguês Yggdrasil; Irminsul), no Hinduísmo era um baniano, na mitologia lituana Jievaras, um carvalho na mitologia eslava e uma aveleira na mitologia céltica. Na mitologia grega clássica, a comparação mais próxima desse conceito é o monte Olimpo; todavia, há também uma tradição folclórica posterior sobre a árvore mundo, que está sendo serrada pelos Kallikantzaroi (duendes gregos), talvez um empréstimo de outros povos.
Um mito comum que pode ser encontrado entre quase todas as mitologias indo-européias é uma batalha final com a destruição de uma serpente, freqüentemente um dragão de algum tipo: exemplos incluem Thor vs. Jormungand e Sigurd vs. Fafnir na mitologia escandinava; Zeus vs. Tifão, Cronos vs. Ofíon, Apolo vs. Píton, Héracles vs. Hidra e Ladão, e Perseu vs. Ceto na mitologia grega; Indra vs. Vritra no Vedas; Perunú vs. Veles, Dobrynya Nikitich vs. Zmey na mitologia eslava; Teshub vs. Illuyanka na mitologia hitita; Θraētaona e depois Kərəsāspa vs. Aži Dahāka no Zoroastrismo e na mitologia persa. Há também histórias análogas em outras mitologias próximas: Anu ou Marduque vs. Tiamat na mitologia suméria; Baal ou El vs. Lotan ou Yam na mitologia levantina; Miguel e Cristo vs. Satanás (na forma de um dragão de sete cabeças), a Virgem Maria esmagando uma serpente na iconografia católica romana, São Jorge vs. o dragão na mitologia cristã. O mito simbolizava um confronto entre as forças da ordem e do caos (representado pela serpente) e o deus ou herói venceria sempre. É então mais provável que lá exista algum tipo de dragão ou serpente, possivelmente com muitas cabeças (conforme Śeṣa, a Hidra e Tifão) e provavelmente ligado ao deus do submundo e/ou das águas, assim como aspectos de serpente podem ser encontrados em muitas deidades indo-européias aquaticas e/ou ctônicas, como por exemplo as muitas deidades aquáticas gregas, notavelmente Posidão, Oceano, Tritão, Tifão (que carrega muitos atributos ctônicos não especificamente ligados ao mar), Ofíon e também o eslavo Veles. Posivelmente chamado *kʷr̥mis ou algum nome cognato a *Velnos/Werunos ou a raiz *Wel/Vel- (sânscrito védico Varuna, que é associado às serpentes naga, Vala e Vṛtra, eslavo Veles, báltico velnias), ou serpente (hitita Illuyanka, sânscrito védico Ahis, iraniano azhi, grego ophis e Ofíon e latim anguis), ou o radical *dheubh- (grego Tifão e Píton).
Relacionado ao mito de destruição do dragão é o mito do "Sol na rocha", onde uma deidade guerreira heróica fende uma rocha onde o Sol ou o amanhecer estava aprisionado. Tal mito é preservado no Vala rigvédico, onde Ushas e as vacas, roubados pelos Panis e foram aprisionados, são ligados a outros mitos de abduções para o mundo dos mortos tal como os mistérios de Eleusis ligados com Perséfone, Dionísio e Triptolemos.
Deve ter havido um tipo de espírito natural parecido com o deus grego  e os Sátiros, com o deus romano Fauno e os Faunos, com o deus celta Cernunnos e os Dusii, eslavo Veles e os Leszi, o védico Pashupati, Prajapati e Pushan, o germânico Woodwose, elfos e anões; deve ter havido uma fêmea cognata parecida com as ninfas greco-romanas, as vilas eslavas, a huldra do folclore germânico, a hindu Apsarás, a persa Peri. Um tipo similar possível de espírito pode ser encontrado na mitologia judaica, Azazel e o Se'irim, assim como na mitologia árabe, o gênio.
Deve também ter havido um cão selvagem ou lobo guardião do submundo, tal como o grego Cérbero e o norueguês Garm. Também é provável que eles tivessem três deusas do destino, como as Nornas da mitologia norueguesa, as Moiras da mitologia grega, Sudjenice do folclore eslavo e Deivės Valdytojos da mitologia lituana.
O primeiro ancestral dos homens era chamado de *Manu-, tal como o germânico Mannus e o hindu Manu.
O Sol era representado cavalgando numa biga.

Desenvolvimento

As várias culturas descendentes indo-européias continuaram elementos da religião proto-indo-européia, sincretizando-os com inovações e elementos estrangeiros, notavelmente com elementos do Oriente Próximo Antigo, as reformas de Zoroastro e Buda, e o desenvolvimento do Cristianismo e do Islã.


Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o_protoindo-europeia

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cronologia da Idade Antiga

Abaixo colocamos uma pequena cronologia da história da antiguidade.
Linha do tempo - Idade Antiga


3100a.C. O rei Menés unificou o baixo e o alto Egito e formou um dos primeiros governos nacionais do mundo.

3000a.C. Escritos cuneiformes dos sumérios deram início ao registro da história do Oriente Médio.

2500a.C. A civilização do vale do Indo começou nas cidades de Harappa e Mohenjo-daro, no Paquistão.

2300a.C. Sargão de Acad conquistou os sumérios e unificou suas cidades-estados sob seu governo.

1750a.C. Hamurabi estabeleceu o império babilônico.

1600-1400a.C. A civilização minoana floresceu na ilha mediterrânea de Creta.

1500a.C. A dinastia Chang começou seu governo de 500 anos na China.

Séc. XI a.C. Tribos latinas estabeleceram-se ao sul do rio Tibre e etruscos estabeleceram-se na região centro-ocidental da península italiana.

750-338a.C. Atenas, Corinto, Esparta e Tebas desenvolveram-se como as principais cidades-estados da Grécia durante o período helênico.

509a.C. Os latinos revoltaram-se contra seus dominadores etruscos e criaram a República Romana.

338a.C. Filipe II da Macedônia derrotou os gregos e anexou a Grécia ao império macedônico.

331a.C. Alexandre, o Grande, derrotou os persas em Arbela (Irbil) e abriu caminho para a conquista do norte da Índia.

321-185a.C. O império mauria do norte da Índia espalhou-se praticamente por toda a Índia e parte da Ásia central.

221-206a.C. A dinastia Tsin criou o primeiro governo central chinês poderoso e completou a Grande Muralha para proteger a China dos invasores.

202a.C. A dinastia Han começou seu governo de 400 anos na China.

146a.C. Os romanos destruíram Corinto e conquistaram a Grécia.

55-54a.C. Júlio César comandou a invasão romana da Bretanha.

27a.C. Augusto tornou-se o primeiro imperador romano.

70d.C. Forças romanas sob o comando de Tito capturaram e destruíram Jerusalém.

50-meados do Séc. III O império Kusha dominou o Afeganistão e a Índia norte-ocidental.

105- Os chineses inventaram o papel.

135- Os Romanos expulsão os Judeus de Jerusalém, dando início a Grande Diáspora.

293- Diocleciano dividiu o Império Romano em quatro prefeituras e estabeleceu duas capitais - Nicomédia, na Ásia menor, e Milão, na Europa.

313- Constantino deu aos cristãos do Império Romano liberdade de culto através do Edito de Milão.

320- A Índia começou sua idade de ouro sob o governo da dinastia gupta.

395- O Império Romano foi dividido em Império Romano do Orinte e Império Romano do Ocidente.

476- O comandante germânico Odoacro depôs Rômulo Augústulo, o último imperador do Império Romano do Ocidente.

texto retirado de:http://www.historiadomundo.com.br/idade-antiga/linha-do-tempo.htm

sábado, 22 de junho de 2013

Quem é judeu? Uma outra visão

Pesquisando por ai, encontrei este texto que pode clarear um pouco a discussão sobre quem pode ser considerado Judeu. 

"A pergunta quem é judeu?" gera um grande debate político, social e religioso entre os diversos grupos judaicos, devido ao fato de cada um ter uma interpretação as vezes bastante peculiar sobre quem pode e/ou deve receber esta nomenclatura.Interpretações essas que dependem de qual a sua tradição religiosa (ortodoxa, conservadora, reformista, caraíta) e do espaço geográfico onde se encontram (sefaraditas, asquenazitas, persas, norte - africanos, indianos etc.).

O povo judeu surgiu justamente antes do conceito de religião, pois como sendo um dos poucos povos da antiguidade que ainda existem, trazem consigo este aspecto muito peculiar que na verdade é um ponto de sua diversidade sócio-cultural, e como tal seria uma tremenda imprudência reduzir o povo judeu ou o "judaísmo" a um mero conceito de "religião" apenas.

"Na história recente ocidental, e conseqüentemente na história judaica, uma revolução conceitual levou o judaísmo e o povo judeu a um tempo de grandes mudanças estruturais. A essa revolução, a história deu o nome de iluminismo (Hebraico: השכלה; Haskalá). Nesse período histórico, os antigos grupos religiosos detentores de tradições milenares observaram o nascimento de uma geração que via na criação de grupos com novas formas de pensar a possibilidade de saída de seus guetos milenares, não somente no plano físico, mas também mental e filosófico. Por vezes esses novos grupos distanciaram-se da velha ligação do judeu com a religião judaica-mãe, porém sem nunca perder a sua chama interna de identidade, sentimento esse que é o ponto de aproximação de todos os judeus e a mais importante linha para complexa continuação da nação que é, hoje, esse povo."

"Assim, com a inserção de novas filosofias no seio do judaísmo, dispares concepções surgiram sobre as questões básicas da tradição judaica. E obviamente cada grupo desenvolveu suas discussões de como pode-se definir uma resposta sensata à pergunta constante: "Quem é judeu?". Essa definição de resposta se deu, em sua maioria, sob duas linhas gerais: Pessoa que tenha passado por um processo de conversão ao judaísmo ou pessoa que seja descendente de um membro da comunidade judaica."

"Contudo, esses dois assuntos são repletos de divergências.

Quanto às conversões, existem divergências principalmente sobre a formação dos tribunais judaicos responsáveis pelos atos. Isso faz com que pessoas conversas através de um tribunal judaico reformista ou conservador não sejam aceitas nos círculos ortodoxos e seus rabinos que exigem um tribunal formado somente por rabinos ortodoxos, pois entendem serem outros rabinos incapazes de fazer o converso entender a grandeza da lei que está tomando sobre si. Por outro lado, o judaísmo reformista e conservador, acusa os ortodoxos de fazerem exigências absurdas, não mais se preocupando com a essência do ser judeu e sim, com regras e rigidez desnecessária."

"Já quanto a descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se matrilinearmente, patrilinear ou ambas as hipóteses.

A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador.

Essa tese têm força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo.

Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam há vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica."

"Questões como se os atos podem abalar a identidade judaica, também entram na discussão, como por exemplo, um judeu que faz tatuagens ou até mesmo nega seu próprio judaísmo, pode continuar sendo considerado como tal.

Apesar de um judeu necessariamente não ter que seguir o judaísmo, as autoridades religiosas geralmente enfatizam o risco da assimilação do povo judeu ao abandonar os mandamentos e tradições do judaísmo. Porém defende-se que não importa a geração ou ações futuras de pai ou mãe, o judaísmo e o conseqüente "ser judeu" é um direito natural da criança."

Um fato interessante seria a decisão da "Conferencia Central de Rabinos Americanos" emitida oficialmente em 1983, onde declara que a criança, mesmo sendo filho de pai ou de mãe judia (casamentos mistos), recebe o "status" judaico, desde que criada proxima da comunidade, ou que seja educada no cumprimento de certas Miztov (Brit Milah), recebendo a seu turno um nome hebraico, realizando em seu tempo atos e cerimonias públicas como Bar/Bat Mitzvah, Kabalat Torah, etc.

Sendo assim, os descendentes dos primeiros Anussim ou Marranos herdão o "status" judaico, tanto de suas linhagens matrilineares como patrilineares, pois que continuam guardando em seus seios familiares, além dos nomes, costumes, casamentos endogâmicos, etc.

Esta decisão só vem a validar mais um ponto em favor do reconhecimento da judaicidade dos atuais descendentes dos judeus ibéricos perseguidos pela "Santa Inquisição", pois além de manterem vivas em suas almas muitos costumes particulares que facilmente denunciam sua origem, seus sobrenomes e sua árvore genealógica, hoje acendem a chama de suas "neshamot" através do Amor sincero a Fé de seus ancestrais"

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Por que estudar História? - Laura de Mello e Souza

Retirado de : http://afolhadogragoata.blogspot.com.br/2012/04/por-que-estudar-historia-laura-de-mello_09.html?spref=fb

Laura de Mello e Souza é professora titular de História Moderna da Universidade de São Paulo. É autora de O Diabo e A Terra de Santa Cruz (1986) e O Sol e a Sombra (2006), entre outros livros. Organizou e foi co-autora do primeiro volume de A História da Vida Privada no Brasil.

Para responder esta pergunta, a primeira frase que me ocorre é a resposta clássica dada pelo grande Marc Bloch a seu neto, quando o menino lhe perguntou para que servia a História e ele disse que, pelo menos, servia para divertir. Após 35 anos de vida profissional efetiva, como pesquisadora durante seis anos e, desde então – 29 anos – também como docente na Universidade de São Paulo, considero que a diversão é essencial, entendida no sentido de prazer pessoal: a melhor coisa do mundo é fazer algo que gostamos de fato, e eu sempre adorei História, sempre foi minha matéria preferida na escola, junto com as línguas em geral, sobretudo italiano e português, e sempre mais a literatura que a gramática.

Mas a História é, tenho certeza disso, uma forma de conhecimento essencial para o entendimento de tudo quanto diz respeito ao que somos, aos homens. Os humanistas do renascimento diziam que tudo o que era humano lhes interessava. A História é a essência de um conhecimento secularizado, toda reflexão sobre o destino humano passa, de uma forma ou de outra, pela História. Sociologia, Antropologia, Psicologia, Política, todas essas disciplinas têm de se reportar à História incessantemente, e com tal intensidade que o historiador francês Paul Veyne afirmou, com boa dose de provocação, que como tudo era História, a História não existia (em Como escrever a História). Quando os homens da primeira Época Moderna começaram a enfrentar para valer a questão de uma história secular, que pudesse reconstruir o passado humano independente da história da criação – dos livros sagrados, sobretudo da Bíblia – eles desenvolveram a erudição e a preocupação com os detalhes, os fatos, os vestígios humanos – as escavações arqueológicas, por exemplo – e criaram as bases dos procedimentos que até hoje norteiam os historiadores. Mesmo que hoje os historiadores sejam descrentes quanto à possibilidade de reconstruir o passado tal como ele foi, qualquer historiador responsável procura compreender o passado do modo mais cuidadoso e acurado possível, prestando atenção aos filtros que se interpõem entre ele, historiador, e o passado. Qualquer historiador digno do nome busca, como aprendi com meu mestre Fernando Novais, compreender, mesmo se por meio de aproximações. Compreender importa muito mais do que arquitetar explicações engenhosas ou espetaculares, e que podem ser datadas, pois cada geração almeja se afirmar com relação às anteriores ancorando-se numa pseudo-originalidade.

Sem querer provocar meus companheiros das outras humanidades, eu diria que a Antropologia nasce a partir da História, e porque os homens dos séculos XVI, XVII e XVIII começaram a perceber que os povos tinham costumes diferentes uns dos outros, e que esses costumes deviam ser entendidos nas suas peculiaridades sem serem julgados aprioristicamente. É justamente a partir desse conhecimento específico que os observadores podem estabelecer relações gerais comparativas e tecer considerações, enveredar por reflexões mais abstratas. Portanto, a História permite lidar com as duas pontas do fio que possibilita a compreensão do que é humano: o particular e o geral.

A História é fundamental para o pleno exercício da cidadania. Se conhecermos nosso passado, remoto e recente, teremos melhores condições de refletir sobre nosso destino coletivo e de tomar decisões. Quando dizemos que tal povo não tem memória – dizemos isso frequentemente de nós mesmos, brasileiros – estamos, a meu ver, querendo dizer que não nos lembramos da nossa história, do que aconteceu, por que aconteceu, e daí escolhermos nossos representantes de modo um tanto irrefletido – na história recente do país, o caso de meu estado e de minha cidade são patéticos - de nos sentirmos livres para demolirmos monumentos significativos, fazermos uma avenida suspensa que atravessa um dos trechos mais eloquentes, em termos históricos, da cidade do Rio de Janeiro, o coração da administração colonial a partir de 1763, o palácio dos vice-reis. Quando olho para a cidade onde nasci, onde vivo e que amo profundamente fico perplexa com a destruição sistemática do passado histórico dela, que foi fundada em 1554 e é dos mais antigos centros urbanos da América: refiro-me a São Paulo. Se administradores e elites econômicas tivessem maior consciência histórica talvez São Paulo pudesse ter um centro antigo como o de cidades mais recentes que ela – Boston, Quebec, até Washington, para falar das cidades grandes, que são mais difíceis de preservar.

Não acho que se toda a humanidade fosse alimentada desde o berço com doses maciças de conhecimento histórico o mundo poderia estar muito melhor do que está. Mas a falta do conhecimento histórico é, a meu ver, uma limitação grave e, no limite, desumanizadora. Acho interessante o fato de muitas pesquisas indicarem que, excluindo os historiadores, obviamente, o segmento profissional mais interessado em História é o dos médicos. Justamente os médicos, que lidam com pessoas doentes, frágeis e amedrontadas diante da falibilidade de seu corpo e da inexorabilidade do destino humano. E que têm que reconstituir a história da vida daquelas pessoas, com base na anamnese, para poder ajudá-las a enfrentar seus percalços. Carlo Ginzburg escreveu um ensaio verdadeiramente genial, sobre as afinidades do conhecimento médico e do conhecimento histórico, ambos assentados num paradigma indiciário (refiro-me ao ensaio “Sinais – raízes de um paradigma indiciário”, que faz parte do livro Mitos – emblemas – sinais). Portanto, volto ao início, à diversão, e acrescento: o conhecimento histórico humaniza no sentido mais amplo, porque ajuda a enxergar os outros homens, a enfrentar a própria condição humana

domingo, 2 de junho de 2013

O que é um Judeu? Por Leon Tolstoy

O texto abaixo foi retirado do endereço: http://judaismohumanista.ning.com/forum/topics/o-que-e-um-judeu-por-leon-tolstoy-1829-1910 , publicado por Jayme Fucs Bar em 29 abril 2013



Leon Tolstoy (1829 - 1910) descendente de uma família cristã da nobreza russa e um dos maiores escritores e romancistas do mundo, autor de obras como "Guerra e Paz"e "Anna Karenina", escreveu:
O que é um judeu? Esta pergunta não é, de forma alguma, tão estranha quanto parece. Vejamos que tipo de criatura peculiar é o judeu, molestado e violentado, oprimido e perseguido, esmagado e assassinado, queimado e enforcado, coletiva e individualmente por tantos governantes e povos e que, apesar de tudo isso, continua vivo. O que é um judeu, aquele que nunca se deixou levar por todos os bens terrenos, que lhe eram oferecidos, constantemente, por seus opressores e perseguidores para que trocasse sua fé e abandonasse sua própria religião judaica?
O judeu é este ser sagrado que trouxe dos Céus a chama perpétua e com esta iluminou o mundo inteiro. Ele é a vertente religiosa, nascente e fonte de onde todos os outros povos tiraram suas crenças e suas religiões.
O judeu é o pioneiro da liberdade. Mesmo outrora, quando o povo se encontrava dividido em apenas duas classes distintas, escravos e senhores, mesmo naquela época longínqua, a Lei de Moisés proibia a prática de se manter uma pessoa em cativeiro por mais de seis anos.
O judeu é o pioneiro da civilização. A ignorância foi condenada na Palestina da antiguidade ainda mais do que o é em nossos dias na Europa civilizada. E ainda, naqueles dias de selvageria e barbárie, em que nem a vida nem a morte de ninguém valia algo, Rabi Akiba não se absteve de se declarar abertamente contrário à pena capital.
O judeu é o emblema da tolerância civil e religiosa. "Ama o estrangeiro e o forasteiro", ordenou-nos Moisés, "porque estrangeiro foste na terra do Egito". E isto foi proclamado naquela época remota e selvagem em que a principal ambição das raças e dos povos consistia em se esmagarem e escravizarem uns aos outros. No que tange à tolerância religiosa, a fé judaica não apenas está muito distante do espírito missionário de converter pessoas de outras denominações. Muito pelo contrário, o Talmud ordena que os rabinos informem e expliquem a todo aquele que, por vontade própria, venha a aceitar a religião judaica, todas as dificuldades contidas nessa aceitação, e que façam ver ao prosélito que os justos entre os povos têm o seu quinhão na imortalidade. De uma tamanha tolerância religiosa, tão elevada e ideal, nem mesmo os moralistas de hoje podem se vangloriar.
O judeu é o emblema da eternidade. Aquele que nem o assassinato nem a tortura, ao longo de milhares de anos, puderam destruir, aquele que nem o fogo nem a espada nem a inquisição foram capazes de eliminar da face da terra, aquele que foi o primeiro a produzir os oráculos de D'us, aquele que há anos é o guardião da profecia, e que a transmitiu ao resto do mundo. Uma nação destas não pode ser destruída. O judeu é perene, tão perene quanto a própria eternidade".

quinta-feira, 21 de março de 2013

Onde ficam nossos direitos I

Hoje é o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial!

Mas será que temos o que "comemorar"? Com certesa não, temos é que continuar Lutando pelo fim do Racismo, fim do Preconceito Racial, Etnico, Religioso e Ideológico. Mas...

Mas como lutar, se na prórpia escola pública, veja bem PÚBLICA, mantida pelo Estado, e sendo nosso Estado Laico (ou nas palavras do Rab Anderson, Louco), que deve zelar pela nossa constituição (em minusculo mesmo), programam-se nesta época uma Celebração de Pascoa numa Igreja Católica (nada contra religião alguma), e de carater "obrigatório" mesmo que de forma velada. Pois se a mesma celebração conta como dia letivo, como presença para os alunos e como horas para professores e funcionários, é sim uma obrigatoriedade.
...
E justo num dia de luta é que me manifesto! Onde estão os direitos "garantidos" pelo artigo 5º de nossa constituição? Acaso isto não está indo contra uma lei maior? ou acaso nosso estado não é mais laico?

Enfim! Fica aqui minha manifestação em defesa dos DIREITOS HUMANOS, assegurando os direitos etnicos, religiosos e ideológicos!!!

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/constfed.nsf/045b885516d32f5403256536004c7e14/54a5143aa246be25032565610056c224?OpenDocument

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm