Em conceitos gerais e usuais populares, aprendemos que Religião viria da palavra latina religare, ou seja, o de religar, o que em caráter usual se usa para religar a criatura com o seu criador. Mas o certo é que este significado a muito tempo não mais convence especialistas, léxicos e linguistas em geral que defendem que o termo religião seria oriundo da palavra latina religionem, que seria usado pelos romanos bem antes do surgimento do cristianismo e tem por significado mais exato como “um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão”, ou seja, disciplina obrigatória, rígida e dogmática.
Já nas edições revisadas dos dicionários “Aurélio” da lingua portuguesa, encontramos a palavra Religião como sinônimo de “crença na existência de forças sobrenaturais bem como suas manifestação através de ritos e práticas externas”.
O Dicionário Michaelis de lingua Portuguesa, grafa o vocábulo “Religião” como sendo sinônimo de “serviço de culto a Deus ou outra divindade por meio de ritos, práticas, preces, sentimento de submissão a esta divindade, culto externo e interno a este mesmo Deus, relevação divina das palavras da divindade, temor de Deus, obrigação moral e dever de prestar reverencia para com a divindade...”.
De acordo com a origem da palavra e em paralelo com o seu real significado para a lingua portuguesa, podemos observar seu real conceito. Em contraste com o já exposto, transcreveremos a seguir a crítica acadêmica a respeito sobre o conceito de “Religião”. Sendo a palavra “Crítica” uma prática do diálogo, onde é nada mais nada menos do que a exposição de opinião relativo a algo exposto, não existindo academicamente os termos populares “crítica construtiva ou destrutiva”, pois só existe a Crítica como uma avaliação de material intelectual produzido, sendo neutro e apenas expositivo.
Academicamente, como exposto na obra “Modernidade, Conceitos e Valores” (Unopar Editora, londrina, 2008), o Mestre em História Social, Guilherme Bordonal, nos esclarece que além do já exposto sobre o vocábulo Religião, o mesmo deve ser entendido como um processo de formação ou transformação cultural em massa dentro de uma sociedade, visando a legitimar ideais políticos, econômicos e sociais, bem como as noções de ética e moral das mesmas sociedades onde estas “religiões” nascem, o que causa a transformação social das mesmas num processo interligado entre o surgimento da religião como símbolo máximo da transformação social acontecida no mesmo grupo.
Em outras palavras, além das práticas, normas, dogmas, crenças e crendices, as religiões só nascem através de transformações sociais intensas e visíveis, e quando esta mesma grande transformação não ocorre não existe uma religião, pois seria apenas uma facção, seita ou linha doutrinária divergente da corrente religiosa da qual ela se separa.
Como exemplo citamos as três religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo.
O Judaísmo, como religião e movimento cultural, nasceu junto com a saída dos hebreus do Egito, onde Moises institucionalizou um conjunto de 613 regras que norteariam a vida daquelas pessoas, passando a serem os primeiros homens a terem a crença de um deus único, e assim criaram o Povo Hebreu, sendo modernizado para sua fase atual após o ano 135 de nossa era quando foram expulsos de jerusalém e dando inicio a fase de vivência deste povo na diáspora.
Já o Cristianismo é outra religião monoteísta, que foi realmente “criada” no ano de 313 em roma pelo imperador Constantino, e dogmatizada no ano 325 pelo Concilio de Nicéia, vindo mais tarde a ser a única instituição remanescente do império romano, e vindo a dar base para a formação dos estados europeus da modernidade.
O Islamismo surgindo no ano 623 (aproximadamente), veio a unificar as varias tribos nômades da península arábica ao redor de uma mesma crença, ou conjunto de crenças, vindo a surgir a partir daí um “Povo Árabe”.
Assim sendo, podemos definir também o Protestantismo como uma religião, pois assim que o mesmo surgiu, introduziu uma nova ordem mundial na Europa e em outros continentes, que foi a mudança sócio-cultural e econômica que foi o advento das práticas que conhecemos como “Capitalismo”. Assim sendo os protestantes (luteranos, calvinistas, puritanos, presbiterianos, anglicanos), apesar de serem cristãos, tem academicamente por religião a “Religião Protestante”, pois dogmaticamente diferem em alguns pontos com as correntes católicas (as primeiras correntes oficiais cristãs), e porque com o seu surgimento (protestantismo) surgiu o capitalismo e teve inicio o fim do feudalismo na Europa, e tendo iniciado a formação dos atuais estados europeus.
As religiões dentro deste princípio podem conter facções, linhas, ramificações, seitas, partidos, etc, como por exemplo, dentro do Judaísmo temos as linhas Ortodoxas, Reformistas, Liberais, Messiânicas, e já existiram os Ebionitas, Saduceus, Essênios e Fariseus (sendo esta ultima ainda existente e base de todas as linhas judaicas, sendo preservada na corrente ortodoxa). Dentro do Cristianismo temos as linhas católicas, evangélicas, reformistas, pentecostais, neo pentecostais, etc. Dentro do Islamismo temos as correntes Xiitas, Sunitas, Sufitas, etc.