domingo, 28 de novembro de 2010

O que é Religião - I

Em conceitos gerais e usuais populares, aprendemos que Religião viria da palavra latina religare, ou seja, o de religar, o que em caráter usual se usa para religar a criatura com o seu criador. Mas o certo é que este significado a muito tempo não mais convence especialistas, léxicos e linguistas em geral que defendem que o termo religião seria oriundo da palavra latina religionem, que seria usado pelos romanos bem antes do surgimento do cristianismo e tem por significado mais exato como “um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão”, ou seja, disciplina obrigatória, rígida e dogmática.

Já nas edições revisadas dos dicionários “Aurélio” da lingua portuguesa, encontramos a palavra Religião como sinônimo de “crença na existência de forças sobrenaturais bem como suas manifestação através de ritos e práticas externas”.

O Dicionário Michaelis de lingua Portuguesa, grafa o vocábulo “Religião” como sendo sinônimo de “serviço de culto a Deus ou outra divindade por meio de ritos, práticas, preces, sentimento de submissão a esta divindade, culto externo e interno a este mesmo Deus, relevação divina das palavras da divindade, temor de Deus, obrigação moral e dever de prestar reverencia para com a divindade...”.

De acordo com a origem da palavra e em paralelo com o seu real significado para a lingua portuguesa, podemos observar seu real conceito. Em contraste com o já exposto, transcreveremos a seguir a crítica acadêmica a respeito sobre o conceito de “Religião”. Sendo a palavra “Crítica” uma prática do diálogo, onde é nada mais nada menos do que a exposição de opinião relativo a algo exposto, não existindo academicamente os termos populares “crítica construtiva ou destrutiva”, pois só existe a Crítica como uma avaliação de material intelectual produzido, sendo neutro e apenas expositivo.

Academicamente, como exposto na obra “Modernidade, Conceitos e Valores” (Unopar Editora, londrina, 2008), o Mestre em História Social, Guilherme Bordonal, nos esclarece que além do já exposto sobre o vocábulo Religião, o mesmo deve ser entendido como um processo de formação ou transformação cultural em massa dentro de uma sociedade, visando a legitimar ideais políticos, econômicos e sociais, bem como as noções de ética e moral das mesmas sociedades onde estas “religiões” nascem, o que causa a transformação social das mesmas num processo interligado entre o surgimento da religião como símbolo máximo da transformação social acontecida no mesmo grupo.

Em outras palavras, além das práticas, normas, dogmas, crenças e crendices, as religiões só nascem através de transformações sociais intensas e visíveis, e quando esta mesma grande transformação não ocorre não existe uma religião, pois seria apenas uma facção, seita ou linha doutrinária divergente da corrente religiosa da qual ela se separa.

Como exemplo citamos as três religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo.

O Judaísmo, como religião e movimento cultural, nasceu junto com a saída dos hebreus do Egito, onde Moises institucionalizou um conjunto de 613 regras que norteariam a vida daquelas pessoas, passando a serem os primeiros homens a terem a crença de um deus único, e assim criaram o Povo Hebreu, sendo modernizado para sua fase atual após o ano 135 de nossa era quando foram expulsos de jerusalém e dando inicio a fase de vivência deste povo na diáspora.

Já o Cristianismo é outra religião monoteísta, que foi realmente “criada” no ano de 313 em roma pelo imperador Constantino, e dogmatizada no ano 325 pelo Concilio de Nicéia, vindo mais tarde a ser a única instituição remanescente do império romano, e vindo a dar base para a formação dos estados europeus da modernidade.

O Islamismo surgindo no ano 623 (aproximadamente), veio a unificar as varias tribos nômades da península arábica ao redor de uma mesma crença, ou conjunto de crenças, vindo a surgir a partir daí um “Povo Árabe”.

Assim sendo, podemos definir também o Protestantismo como uma religião, pois assim que o mesmo surgiu, introduziu uma nova ordem mundial na Europa e em outros continentes, que foi a mudança sócio-cultural e econômica que foi o advento das práticas que conhecemos como “Capitalismo”. Assim sendo os protestantes (luteranos, calvinistas, puritanos, presbiterianos, anglicanos), apesar de serem cristãos, tem academicamente por religião a “Religião Protestante”, pois dogmaticamente diferem em alguns pontos com as correntes católicas (as primeiras correntes oficiais cristãs), e porque com o seu surgimento (protestantismo) surgiu o capitalismo e teve inicio o fim do feudalismo na Europa, e tendo iniciado a formação dos atuais estados europeus.

As religiões dentro deste princípio podem conter facções, linhas, ramificações, seitas, partidos, etc, como por exemplo, dentro do Judaísmo temos as linhas Ortodoxas, Reformistas, Liberais, Messiânicas, e já existiram os Ebionitas, Saduceus, Essênios e Fariseus (sendo esta ultima ainda existente e base de todas as linhas judaicas, sendo preservada na corrente ortodoxa). Dentro do Cristianismo temos as linhas católicas, evangélicas, reformistas, pentecostais, neo pentecostais, etc. Dentro do Islamismo temos as correntes Xiitas, Sunitas, Sufitas, etc.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crítica de livro - Operação Cavalo de Troia 1

Apesar de muitas opções literárias presentes em lingua portuguesa, o brasileiro ainda é um povo que pouco se proporciona este prazer, e infelizmente quando se apega a uma leitura, não utiliza a razão e o bom senso para averiguar se o que esta lendo é uma ficção ou um fato real, e chega a criar até mesmo verdadeiras filosofias em torno de algumas obras. Enfim, após ler um livro que tem a muitos anos um forte apelo, citado até mesmo por professores e "pesquisadores", afirmando ser este um relato verdadeiro, escrevo esta pequena crítica após ler e estudar as páginas da referida obra.

Apontaremos a seguir as discordâncias históricas e culturais encontradas no referido livro, o que por si só comprovaria seu conteúdo fictício e não merecendo crédito quanto a sua veracidade.

1 – A autor fala que a missão retornou ao ano 30 da nossa era, desconsiderando as correções que nosso calendário sofreu, pois o mesmo fala num número exatos de ano, ou seja, ele retornou a exatos 1980 anos atras (do nosso ponto de vista, 2010). Neste ano exato o autor relata que a pascoa judaica, ou seja, o Pessach ocorreria entre uma sexta e um sábado ou shabat judaico. De acordo com qualquer calendário perpetuo, tanto o kaluach (calendário hebreu) quanto o calendário perpetuo católico (com a correção do calendário juliano para o gregoriano), colocam exatamente as datas de sua chegada ao passado, dia 30 de março numa quinta feira (como o mesmo afirma), mas a páscoa daquele ano não caiu no sábado, mas sim entre quarta e quinta, (quarta a vespera e quinta a pascoa mesmo). Do mesmo modo o autor se esquece nas suas conversões de que o calendário judaico é um calendário que tem seu inicio ao por do sol, ou surgimento da primeira estrela, e diferente do gregoriano que começa após as 23:59.

Todo o meio acadêmico já sabe que Jesus historicamente pode sim ter existido, pois temos referencias a ele no próprio Talmud, alem da obra de Josefus, e que corrigindo os cálculos do calendário gregoriano, identificamos seu nascimento em aproximadamente entre 06 e 08 antes da era comum, ou seja, mais precisamente no ano 07 antes de cristo. Desta forma, Jesus tendo pregado dos 30 aos 33 anos, sua morte ocorreria no ano 26 da nossa era, nesta data sim a pascoa ou pessach ocorreria num shabat, mas no dia 23 de março. De acordo com os calendário, da mesma forma se Jesus tivesse realmente nascido no ano 1, e morrido no ano 33, a pascoa ou pessach também ocorreria num shabat, mas no dia 04 de abril. Logo as datas informadas no livro estão totalmente erradas. Já com este erro podemos desconsiderar a obra como autentica, pois temos material suficiente e ao alcance de todos hoje em dia para comprovar tal evidência.

2 – De acordo com as leis referentes ao shabat, só é proibido alguns trabalhos (39 pra ser mais exato). Não se pode fazer fogo no shabat, apenas as duas velas que se acendem antes do por do sol de sexta-feira. Como então que em pleno shabat eles bebiam faziam alimentos ao fogo (leite, almoço, etc) se fazer ou mexer com fogo no shabat é proibido? É proibido banhar-se no shabat, a menos que seja extrema urgência de higiene (doença por exemplo), logo por prudencia não se lavam ao acordar como relata o autor.

Outro ponto importante que o autor relata é que o sexo é proibido no shabat, o que não é verdade, muito pelo contrario, por ser um dia de descanso de trabalhos e um dia para se estar com a família, é recomendável ao casal que faça sexo, pois é o dia mais propicio para trazer ao mundo mais uma alma, devido a proteção divina que paira neste dia.

3 – Agora veremos erros grotescos e preconceituosos:

  • Afirmar que Jesus era caucasiano. Jesus sendo judeu, com certeza seria semita e não ariano. Sendo semita teria feições que representam os povos do oriente médio da atualidade, ou seja, pele morena ou amarelada, olhos pretos, castanhos (em todas as tonalidades), mel levemente esverdeados (olhos claros citados por publuis lentulus). Não existe olhos azuis em povos semitas, mesmo hoje que existe a miscigenação é algo muito difícil ocorrer, pois olhos escuros são dominantes aos olhos azuis, imaginemos a 2000 anos atrás com todo o orgulho racial e leis de matrimônio existentes entre os judeus.
  • Pedro de olhos azuis. Como mostrado acima seria impossível um judeu de olhos azuis em plena antiguidade. O autor ainda aforma que pedro tirava o bigode e que seu irmão sempre estava bem barbeado, o que denota mais um erro crasso, pois existe uma lei na Torah que diz “e não tocaras na extremidade de tua barba”, que faz com que os homens não raspem nunca sua barba, e faz com que muitos ortodoxos deixem ainda uma trancinha de cada lado do rosto, na junção da barba com o cabelo. Logo a lei proíbe e inibe que os homens tirem sua barba, ainda mais que usem a face totalmente desprovida de barba e bigode, o que era uma moda grega, e a cultura grega era totalmente repudiada pelos judeus (apenas alguns da elite eram coniventes, mas não totalmente helenizados).
  • O autor pinta Jesus com um manto vermelho. O manto chama-se Talit, que é o manto de oração dos judeus, e existem leis que o regulamentem. Entre eles seria a presença de um fio azul em cada um dos quatro cantos do manto. Quanto as cores, vale ressaltar que os romanos impuseram muitas restrições, pois as castas romanas se diferenciavam pelas cores de seus mantos, por exemplo, as cores azul e vermelho e todas as suas tonalidades eram exclusivas dos cidadãos de roma, sendo passivel de morte outra pessoa as ostentar, logo Jesus já teria morrido por desacato se realmente tivesse um manto vermelho. Outro ponto, para se adentrar no templo de jerusalém, os judeus usavam mantos brancos, pois no momento da oração, todos cobertos de mantos brancos (demonstrando pureza e humildade) seriam todos iguais perante Deus (tanto ricos quanto pobres), logo o mais comum é que todos os mantos fossem brancos ou em tons claros, e nunca nas tonalidades de azul e de vermelho.
  • O autor fala que todos os dias escutava-se moendas de grãos, até mesmo na casa de lazaro, mas sua irmã comprava o pão. Se existiam moendas é justamente para fazer a farinha para fazer pão, não havendo a necessidade de comprar, pois a compra era justamente para os estrangeiros ou para os próprios romanos que lá habitavam.
  • O major do livro fala que teve um bom aprendizado de grego, aramaico (alguns dialetos) e até mesmo hebraico, mas não conhece a palavra “tecton” em grego (construtor), ou muitas expressões em aramaico, que seriam de uso corriqueiro.
  • Pagina 211, 2º paragrafo. Fala de um relevo onde se vê uma estrela de 5 pontas e o mesmo faz menção ser a estrela de Davi, só que a estrela de Davi possui 6 pontas. O autor fala que a palavra Jerusalém é formada por 5 letras, uma em cada ponta da estrela, mas como já dito, a estrela de Davi tem 6 pontas, e a palavra Jerusalém escrita em hebraico ou aramaico possui 7 letras.
  • Pagina 214, 6º paragrafo. O autor fala que Jesus disse que Deus abandonaria os judeus e eles seriam destruídos se renegassem a doutrina que Jesus estava trazendo. Bom, quanto a isso não precisa ser um especialista para ver a incoerência, primeiro que Deus não abandonaria, e segundo que mesmo os Judeus rejeitando Jesus até hoje, eles continuam existindo, e reconstruindo seu estado autônomo como nos tempos do rei Davi.
  • Pagina 305-306, cardápio da pascoa. Em primeiro lugar o cordeiro era feito no templo, e ao que da a entender era cozido e não assado. Em segundo lugar, patas e vísceras são partes impuras e jamais seriam servidas juntas, nem ao mesmo preparadas, pois após o abate de forma kasher estas partes são colocadas foras imediatamente ou vendidas a não judeus.
  • O autor fala em Jaroset, que em português se escreveria Harosset. Mas a receita esta errada, pois o harosset não vai vinagre. E não é sobremesa, faz parte do pratos ou dos seis pratos principais servidos numa única bandeja. É uma pasta a ser comida com as mãos e não uma compota como descrito.
  • Todo o projeto cavalo de troia teve um extremo cuidado para não levar nada de nosso tempo ao passado, tanto que o personagem Elizeu recebia alimentação via sonda, e suas fezes eram coletadas em um aparelho conectado na sua extremidade retal, pois o mesmo não faria nenhuma alimentação dentro do “Berço” para evitar varios perigos. Como então o personagem Jasão faz um desjejum a moda americana, com cereal, leite, ovos e bacon? De onde em plena palestina do século 1 conseguiria bacon e cereal? Onde ele cozinhou este café da manhã, já que o livro dá a entender que não existia “cozinha” no berço?

A obra ainda apresenta muitos erros, tanto nas leis quanto nos costumes judaicos, mas somente com o pouco apresentado podemos averiguar que não se trata de um relato verdadeiro, mas sim de uma obra de ficção, que não teve o minimo de estudo para sua construção, pois que se fossem resolvidos estes pontos até poderíamos dar créditos ao enredo, mas, as evidências comprovam a total desarmonia em datas, locais, costumes, tradições, entre outros tantos detalhes.

domingo, 31 de outubro de 2010

Fenadi 2010 - A Polêmica Etnica

Fenadi 2010, e mais uma polêmica no ar, a presença ou não de Indígenas no parque da feira.

Por ser um tema delicado, vale sempre a pensa ressalta alguns pontos fundamentais.

Em primeiro lugar, devemos analisar qual o caráter da Fenadi. Por mais que seja a “Festa Nacional das Culturas Diversificadas”, uma de suas intenções era a de “resgatar” alguma coisa da cultura dos grupos “colonizadores” que vieram para tornar possível a existência da colonia que surgia após a criação da picada conceição.

Na vila formada, que veio a se tornar a cidade de Ijuí, infelizmente foram assentadas famílias de colonos europeus oriundos das colonias velhas, e não foram assentados ameríndios. Logo, esta festa ou feira, é definida em cima daqueles grupos étnicos dos colonos apenas que se organizaram e hoje mostram sua culinária (de fato) e cultura (será?) anualmente junto a expoijui-fenadi.

Mostrado então o caráter da feira, vamos analisar o seguinte: será que caberia dentro desta temática colocar representantes de etnias ameríndias gaúchas na festa? Creio que não, pelo menos neste contexto da festa/feira. Agora, que os mesmos merecem sim um reconhecimento, e um espaço, não apenas na feira, mas na sociedade em si, a resposta é sim. Mas não é fácil e nem simples.

O primeiro erro que muitos aqui cometeram é identificar os “índios” como um único grupo étnico e pronto. Esta erradíssimo este pensar, porque só na região onde esta assentada Ijuí, historicamente contávamos com dois grandes grupos representantes de nações indígenas diferentes, que são o grupo Tupi-guarani, que hoje estão pelas ruínas (Nação Guarani) e os representantes linguísticos do tronco Macro-Jê, que passamos a conhecer como kaingang. Outro erro grotesco, além do preconceito racial velado em algumas palavras é achar que “índio” e “branco” são coisas diferentes, e que apenas o “branco” que é civilizado e que o “índio” não tem direito de usar as coisas dos “brancos”. Imaginem a cena a 500 anos atrás. Pessoas civilizadíssimas, portanto suas armas, cavalos, armaduras, doenças, com sede de ouro, numa cultura que conhecemos como idade moderna, chegam a uma terra desconhecida para eles e encontram pessoas que ainda viviam no período neolítico. O que será que poderia acontecer? Os povos americanos foram massacrados, mutilados, violentados por este medíocre homem “civilizado” e aqueles que sobraram foram jogados diretos do neolítico para a idade moderna, queimando etapas primordiais no seu desenvolvimento. Ou alguém aqui acha que os europeus já surgiram no globo usando calças jeans e tomando coca-cola? Até parte da idade média os povos arianos eram tão selvagens quanto eram os ameríndios, basta aqueles que quiserem saber das origens, hábitos e costumes dos povos germânicos (que deram origem a maior parte dos povos que são representados na Fenadi) lerem o livro “Germania” de Tácito, um historiador do Império Romano.

O famoso movimento Neo-Paganismo surgiu aonde em pleno século 20? nesta mesma Europa civilizada, afim de resgatar uma cultura politeísta e animista dos tempos da antiguidade ariana, onde deveriam arder os altares a Odin, Thor e outros tantos deuses que ansiavam por rituais e orgias sexuais, que creio serem incondizentes com o ideal de civilização moralista imposta aos ameríndios. Já os ibero europeus (portugueses e espanhóis), se tornaram civilizados usurpando a cultura de quem mesmo? Claro dos Muslim, ou muçulmanos, na sua maioria da etnia bérbere, negros do norte da africa. Vejam só uma etnia negra, convertida a uma cultura semítica, apresentou a cultura, talheres e até mesmo o uso de roupas às culturas europeias, que ironia para os que defendem a supremacia de raça não é? Enfim, o fato é que sempre haverá o interculturalismo, ou seja, a mescla de culturas, pois se assim não o fosse, nossa cidade se chamaria outra coisa e não Ijuhy, teria algum nome nórdico, germânico, etc.

Dizer que tem índio que é quase igual a branco é a mais pura e clara forma de preconceito que em pleno século 21 é incabível de existir num meio dito civilizado. Os indígenas podem e devem cultuar sua tradição e costumas, da mesma forma que os gaúchos, os descendentes de alemães, mas não é por isso que vemos os gaúchos só andando a cavalo por ai, não é? Ou alemães com suas bermudinhas e chapeuzinhos andando pelo centro todos os dias? Porque os “índios” não podem cultuar seus costumes, línguas, tradições, religião e usar jeans, ouvir MP3, ou jogar PlayStation? Quanta ignorância. Mas se abrirem espaço para construir quem sabe uma casa étnica para representantes indígenas da região, tem sim que ficar claro a existência de grupos como os kaingang, guarani, e outros que tenham existido. E não dizer que tudo é índio, pois se assim for, então acabem com a metade das casas étnicas de hoje e englobem numa única casa só com a alcunha de “germanos”. Enfim, a questão indígena é muito delicada e infelizmente existe muito preconceito e porque não dizer, uma certa ignorância histórica.

Se a questão é se deve-se ou não criar um espaço para os “índios”, é claro que sim, mas com o devido respeito e importância que os mesmos merecem, e principalmente que nós historiadores, os ajudemos a resgatar a historia que os ditos civilizados fizeram questão de destruir, pois hoje se os indígenas estão na condição que estão é porque perderam sua cultura, destruída pelos colonizadores, e pelo preconceito de pessoas que os vem como diferentes do homem branco e que não devem ter uma vida contemporânea, com todas as comodidades que temos.

E que fique claro que índios, semitas, arianos, caminitas, etc, somos todos homo sapiens sapiens, com culturas diferentes, mas que ao se encontrarem contribuem de sobremaneira para a formação de uma terceira cultura, que no nosso caso é a cultura “ijuiense”, gaúcha, brasileira. Viva a liberdade e principalmente o respeito cultural.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Juventude "inteligente"?

Quando falamos em juventude, sempre nos vem a mente um impeto de rebeldia, uma insana vontade de mudar o mundo, a força e a garra "típica" da idade que os anos ainda não sobrepujaram, mas infelizmente, realidade e idealismo são duas forças que nem sempre andam de mãos dadas.

Ontem a noite, enquanto o sono não vinha, estava a assistir na TV o programa "Profissão Reporter" que seria todo realizado sobre o Festival SWU, realizado na cidade de Itu - SP, onde o motivo do festival seria o de enfatizar a "sustentabilidade", por isso existiam muitas lixeiras espalhadas pelo local do evento, banhos racionados justamente para não haver desperdício, o valor do estacionamento era muito alto, justamente para forçar os espectadores a utilizarem transporte em grupo, entre outros fatores.

Mas assistindo ao programa, que decepção com nosssa juventude, pois de fato idealismo e realidade não andaram nem perto uma da outra.

Durante todo o periodo do festival, foram aproximadamente gerado 30 toneladas de lixo reciclável (imaginemos a quantidade de lixo orgânico), será que era este um dos ideais do festival?

Entre o lixo, podemos citar aparelhos celulares, dinheiro, calcinha, isso mesmo calcinha (o que será que a dona deveria estar fazendo para se livrar da mesma? já imaginou sua filha nesta situação? será que a dona da calcinha conhecia o rapaz que a motivou a despir-se de sua peça intima?), fora latas, garrafas e copos de bebidas (alcoolicas, digamos de passagem).

Contraditório o festival até aqui não?

Um outro momento muito interessante do programa, foi quando uma das reporteres perguntou a um espectador sua opinião sobre o Dj que embalava a multidão da noite do dia 11 de outubro. Sabemos que o Dj Tiësto é considerado um dos melhores Dj's do mundo pela crítica especializada, mas esperavamos mais de um "fã".

"Porque você gosta do Tiësto?"- perguntou a reporter do programa.
"Porque ele foi considerado o maior Dj do mundo" - respondeu o fã.

Bom, Hitler foi considerado um dos maiores assassinos do mundo, junto com Istalin, Pinoche, Mao Tse. Pablo Escobar já foi considerado o maior traficante das Américas, Osama Bin Ladem é considerado o maior terrorista da atualidade, todos indicados pelas respectivas críticas especializadas, e nem por isso gostamos deles. Claro que uma coisa não tem a ver com outra, foi apenas uma forma de abordar-mos que na realidade o juvem simplesmente "curte" o som do dj porque um grupo de pessoas disse que é o melhor, apenas por isso. Será que isso é exercer seu direito de escolha, ou o jovem é apenas um ótimo representante de nossa juventude de cabeça oca que serve de massa de manobra?

E depois sempre tem alguém que culpa esta ou aquela emissora de tv por empacotar "divertimento" de massa e dstribuir para a "galera", mas será que a culpa é da emissora X que está, como empresa que é, buscando seus lucros? Ou a culpa é de quem busca por este tipo de "divertimento"? Pois se todas as emissoras e não apenas x ou y, distribuem este tipo de divertimento em massa é justamente porque existe mercado para isto, pois se os jovens nãos gostassem as emissoras não iriam gastar dinheiro sem retorno.

O jovem apenas gosta porque meia duzia de críticos disse que Tiësto é bom, vejamos que não questiono o talento do artista, questiono a escolha e o que move nossos jovens nas mesmas. Esperavamos ao menos que o jovem, como um representande ideologico de mudança, renovação, idealismo e até um certo romantismo que a muito se perdeu de nossa juventude, dissesse que gostava do artista devido ao tipo de música que ele tocava (colocava, seria o mais correto), a sua maneira de ser publicamente, carater, a forma de embalar o público, as ações sociais que o mesmo faz parte (será que ele faz parte de alguma?).

Muitos jovens de hoje em dia dizem que gostam de bandas como U2, mas será que sabem que o Bono é um ativista social e ambiental? ou ao menos sabem o que dizem as letars de suas musicas? se soubessem talvéz se entusiasmassem mais e começassem a pensar por eles próprios.

Mas enfim, é como dizem: "Ao invés de perguntarmos que mundo deixaremos para nossos filhos, devemos nos questionar que filhos estamos deixando para nosso mundo".

E para a juventude:
Deixem de acreditar em teorias de conspiração, e esperar discos voadores embalados por "altas viajens" e encarnem o espírito de jovens a muito perdido num passado nem tão distante assim, ou será que terá que se levantar mais um regime de mãos de ferro, castratório e autoritário para que novamente, os verdadeiros caras pintadas e militantes surjam e façam a diferença, para que dignamente possamos dizer que os jovens é que são o futuro de nossa sociedade?

Pensem!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fenadi 2010

2010, outubro, e mais uma FENADI, feira nacional das culturas diversificadas de Ijui.

O auge da festa, com certeza é a apresentações das casas etnicas, mostrando suas danças "típicas".

Na verdade, pouco tem de típicas as danças, pois são coreografias baseadas em movimentos realizados no passado, e que foram de certa forma coreografados afim de termos um belíssimo expetáculo, que podemos ver todos os anos, ainda mais com as participações especiais de shows internacionais, que as casas propriciam.

Pena que as casas, na maioria, não estão muito empenhadas em melhorar seus próprios espetáculos, pois a cada ano seus integrantes mudam, o que dificulta e muito o progresso de um grupo de danças (digo por experiência própria, pois já dancei e comandei muitos grupos em outros tempos).

Além do mais, uma grande falha em um espetáculo (pois é isso que temos, diga-se de passagem, um verdadeiro espetáculo de cores, beleza, e é claro de dança) é a perda de sua indumentária, ou de parte dela, o que causa uma grande perda visual, harmônica e até mesmo de concentração do bailarino.

O que será que acontece com nossos grupos? será que suas roupas não são de boa qualidade? ou será que pela falta de tempo, de ensaios, e porque não dizer, de empenho dos dançarinos, este ano, já no primeiro dia, dos dois grupos apenas que presenciei dançar, infelizmente vimos coisas muito tristes de acontecerem em um show.

No primeiro grupo muitos erros, que não caberiam em um show que tem a intenção de retratar etnias, mas vamos por partes:

-Um dos dançarinos não parava de assegurar e tentar erguer sua calça. Será que não poderia a costureira ter ajustado a cintura do rapaz? ou será que não poderia ter ele mesmo vestido melhor sua roupa, para não ficar caindo, ou até mesmo dar uns "pontinhos" para fixar a indumentária?

- Outra questão impressindivel a montar um espetáculo que retrate um grupo etnico, é lembrar que quando se usava aquelas roupas e se dançava daquela maneira em um lugar do passado, será que os homens usavam brincos? as mulheres usavam os cabelos coloridos ou curtissimos? existiam "Emos" em partes da europa medieval? O grupo de dança não é só a roupa, e sim toda uma caracterização e realmente "encarnar" o personagem que esta dançando.

- Sem falar na postura dos dançarinos, etc...

Já no segundo grupo que assisti, ainda bem que como sempre, estes trouxeram um show de nível internacional, que intercalado com seu próprio show abrilhantou a noite, mas estes também tiveram seus lapsos:

- Uma das dancarinas amarrou seu lenço tão firme no decorer da dança em volta de sua cintura que na sequência, onde deveriam novamente agitar seus véus, ela simplesmente não conseguiu desamarrar. Pontos negativos em harmonia.

- Outra dançarina, perdeu sua calça enquanto dançava (pra sua sorte este ano estavam de legging). Aqui entra novamente em questão a qualidade das roupas...

- O show belissimo, mas show, pois etnicidade.... pois pudemos observar muitas cores, beleza das dançarinas, um pouco de ginga, algumas asas que lembravam realmante as deusas egípcias, assrias e babilônicas, e talvez algumas divindades persas, o que ainda estaria caracterizado como "etnias" arabizadas, mas também pudemos observar algo como leques chineses, ou do extremo oriente, que no meu conhecimento como historiador não foram pontos conquistados pelos seguidores do profeta Mohammed...

Mas enfim, o que vale é o show mesmo, mas desde que corrigidos alguns pequenos deslizes e é claro que as casas etnicas se concientisem de que muitas e muitas pessoas se deslocam para ver as danças, então o mínino a ser esperado é que as as mesmas se empenhassem cada vez mais para que seus corpos de dançarinos possam brilhar mais e melhor nos próximos anos, e que possamos ver, quem sabe, os mesmos que estavam neste ano dançando melhor ainda na próxima edição da Fenadi

Até

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Círculo Kabalístico Bnei Beriah

Através do link http://alboberro.wordpress.com/ teremos semanalmente atualizações de ensinamentos da Torah, com base na sabedoria da Kabalah. Servindo como um pequeno manual do usuário para que possamos nos relacionar de forma mais harmônica conosco e com o mundo a nossa volta.

O blog conta com informações sobre história e sobre kabalah, sempre focando na instrução, conhecimento, filosofia e bem estar, auxiliando para uma vida integral, através do conhecimento de fatos marcantes de nossa história mundial bem como um outra visão para que possamos entender através de um outro aspecto.

Boa leitura!